Coleções

As nossas coleções

O património do Museu José Malhoa constitui-se essencialmente através de ofertas, por meritória iniciativa dos fundadores, os quais, em nome da "Liga dos Amigos do Museu", exercem ação determinante para a aquisição de obras de arte, de uma forma sistemática e coerente, orientada para um projeto museológico, cujo principal obreiro e grande dinamizador foi António Montês, diretor do Museu até finais de 1966.

José Malhoa, é a figura tutelar do Museu e, em torno da sua pintura organizam-se e articulam-se os acervos, distribuídos por seções de pintura, desenho, escultura, medalhística e cerâmica das Caldas.

Pintura

A coleção de pintura constitui-se como um acervo de referência do Naturalismo português. José Malhoa, como patrono do Museu, está nele representado com o núcleo mais vasto que se conhece, assumindo um lugar de destaque na organização da coleção.

A coleção de pintura permite uma breve alusão aos valores românticos e pré-naturalistas que precedem à época com obras de Miguel Ângelo Lupi, Alfredo Keil e Francisco Metrass, detém-se no "Grupo do Leão" e percorre o Naturalismo e as suas atualizações, até às persistências mais tardias, abordando ainda alguns aspetos do Modernismo das primeiras décadas do século XX.

Entre os autores representados destacamos os nomes de Columbano, Silva Porto, Marques de Oliveira, Carlos Reis, Eduardo Viana, Sousa Lopes, Veloso Salgado, Dordio Gomes, Delfim Maya, Abel Manta, entre outros.

 Veloso Salgado, Rua de Leça (1893)

Óleo s/ tela. Inv. 247

 

 

 

 

Desenho, aguarela e gravura

O Museu José Malhoa possui no seu acervo, uma considerável e peculiar coleção de desenhos, aguarelas e gravuras.

Na sua maioria de cariz naturalista, os desenhos possuem grande valor histórico não só por serem marco de uma época vivificante na história da Arte Portuguesa, mas também pelas suas caraterísticas expressivas a nível estrutural, pictórico e técnico, mostrando uma exímia perícia especialmente no uso do carvão e da sanguínea, muito ao gosto deste período. Dos diversos autores, como Lázaro Lozano, António Duarte, Silva Porto, Eduardo Malta, entre outros, destaca-se em especial José Malhoa com os seus estudos, tanto a carvão como a pastel que, apesar de se tratarem, na sua maioria, de esboços preparatórios, encerram um admirável rigor no olhar sobre o natural, provando assim, que mais que um pintor, ele era um escultor da luz.

Na aguarela é de assinalar a obra da família Roque Gameiro, que muito bem explorou a técnica de pintar com água, assim como Alberto de Sousa, António Cruz, Paulino Montês e até mesmo o Rei D. Carlos que, muito ao gosto do Naturalismo, retrata um campino a cavalo em Lembrança do Ribatejo.

E porque um Museu não é só feito de memórias passadas, salienta-se ainda um pequeno núcleo de gravura contemporânea de onde se destacam, entre outros, os artistas Bartolomeu dos Santos, Cruzeiro Seixas, Irene Ribeiro ou Marília Viegas, para quem é possível pintar com ácido ou desenhar sem lápis.

Conheça a nossa coleção de desenhos no Matriznet.

 

 

 

          José Malhoa, Auto-retrato (1928)

          Lápis de carvão s/papel. Inv. 17 Des.

Escultura

A escultura portuguesa do séc. XIX ficou marcada pelo nome ímpar de Soares dos Reis (1847-1889). Este escultor encontra-se representado com os importantes exemplares em bronze do Conde de Ferreira (1876) e de Flor Agreste (1878), busto de criança cheio de interioridade.

Discípulo de Soares dos Reis, Teixeira Lopes é o nome que se sobrepôs a todos os outros do Naturalismo português, assinalando a importância da Escola do Norte e prolongando a sua influência muito além do início do século XX. Caim, de que o Museu possui um gesso, a par de Viúva, marcam a escultura naturalista portuguesa.

Mas se Teixeira Lopes determinou a vitalidade da Escola do Porto, à Escola de Lisboa ficou associado o nome de José Simões de Almeida (1844-1926), cuja obra Puberdade (1877) revelaria a timidez da nudez descoberta. Desta primeira geração revelada a partir de 1879-1880 fazem também parte Moreira Rato (1860-1937) e Costa Motta (1862-1930), que tiveram continuidade pelo século XX, com uma segunda vaga de artistas, ativos a partir de 1890, e de que são exemplos Costa Mota Sobrinho, Simões de Almeida Sobrinho, Francisco dos Santos, João da Silva, Anjos Teixeira ou Henrique Moreira também eles representados.

O núcleo forte da coleção, pelo número de peças e pela sua monumentalidade, centra-se em Francisco Franco e em Leopoldo de Almeida, autores fundamentais da Escultura Portuguesa. 

Torso e Rapariga Francesa (Paris, 1922-1923) apontam a influência parisiense de Francisco Franco e denunciam a sua inicial tendência modernista, antes de converter-se no estatuário oficioso dos vários monumentos e programas escultóricos para diversas partes do país.

 

De destacar, a força e austera dignidade de João Gonçalves Zarco (1927), para o Funchal, a solenidade da Rainha D. Leonor (1935), para as Caldas da Rainha, a representação equestre de D. João IV (1938-1940), para Vila Viçosa, ou o friso do Apostolado para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, realizações de que o Museu possui gessos, maquetas ou estudos, resultado da considerável oferta do escultor.

Os escultores caldenses, António Duarte e João Fragoso não poderiam deixar de figurar neste espaço. O primeiro faz-se apresentar através de bustos e João Fragoso, com obras da Fase Mar, e Hein Semke, escultor alemão radicado em Portugal, apontam caminhos de uma tendência de construção minimalista ou geométrica.

 

    António Teixeira Lopes, A viúva-Estudo           (1895)

    Bronze. Inv. MNAC 1381-A

O Museu prolonga a exposição de escultura para além dos limites do seu espaço interior, tornando efetiva a partir de 1959 a Exposição de Escultura ao Ar Livre no Parque D. Carlos I.

Englobando monumentos ou reproduções em bronze ou em pedra de esculturas existentes noutros pontos do país, a exposição mostra a diversidade temática da época e acompanha a evolução desde um Romantismo tardio até a um tímido Modernismo, não esquecendo manifestações mais recentes e abstratas. Uma atenção especial é reservada aos bustos de artistas cujos trabalhos encontramos entre a coleção no interior do Museu.

Cerâmica

O núcleo de cerâmica centrado na criatividade de Rafael Bordalo Pinheiro mostra uma seleção de peças de faiança das Caldas, coincidente com a época tratada nas outras disciplinas artísticas-meados do século XIX a meados do século XX - e valorizando os momentos importantes da sua evolução, com Maria dos Cacos, Manuel Mafra, Rafael Bordalo Pinheiro e seu filho, Manuel Gustavo, com Avelino Belo, Francisco Elias ou Costa Mota Sobrinho ou abordando a produção da cerâmica de autor, de que é exemplo Hansi Staël.

Encontramos ainda o conjunto único de cerca de 60 figuras em terracota à escala humana, distribuídas por nove cenas, recriação de extraordinária expressividade e valor plástico e iconográfico da “Paixão de Cristo”, por Rafael Bordalo Pinheiro.


Paixão de Cristo

Rafael Bordalo Pinheiro, Paixão de Cristo (1887-1899)

Nove grupos: cerca de 60 figuras, escala próxima do natural.

Terracota policromada.